Por Rodrigo Pereira,
Foi quase unânime a opinião de que o Chile seria o melhor adversário pro Brasil nestas oitavas-de-final. Uns falavam da sua suposta "freguesia", outros no estilo "El loco" de Bielsa. Este blogueiro que vos escreve concordava, mas não pelos argumentos apresentados. Os chilenos jogam. E deixam jogar. Seriam o teste verdadeiro para a defesa brasileira, ao mesmo tempo que dariam liberdade para que a trinca Kaká, Robinho e Luis Fabiano jogassem. Entretanto, os desfalques na já titubeante defesa chilena pesaram e a balança pendeu para o Brasil, desequilibrando o confronto. Resultado: Brasil 3x0 Chile.
O Brasil veio pro jogo com dois desfalques. Pela proximidade das datas, Felipe Melo não se recuperou a tempo da pancada no jogo contra Portugal. No seu lugar, entrou Ramires. E Elano ainda não se recuperou da lesão sofrida contra marfinenses. Em seu lugar, foi mantido Daniel Alves. As alterações diminuem a pegada do meio-campo brasileiro, mas aumentam o dinamismo e qualificam o passe. Ramires fez excelente partida. Daniel Alves começou errando muitos passes, mas evoluiu ao longo do jogo. Hoje ocorreu mais um passo na evolução de Kaká na Copa. E como o Brasil depende dele. Foi dele o passe para o gol de Luis Fabiano. Com boas arrancadas, foi bem nos contra-ataques do Brasil. Robinho desencantou em Copas, com bela finalização após grande jogada de Ramirez. E o primeiro gol foi do mais uma vez impecável Juan, depois de Lúcio varrer os marcadores para que ele subisse para cabecear, sozinho. Típico trabalho em equipe. Hoje Lúcio esteve muito bem também, ao contrário das últimas partidas. Destaque para a boa atuação de Michel Bastos também, finalmente se lançando ao ataque. Um jogador que joga como meia ofensivo no seu clube ter que desempenhar funções defensivas na seleção é tolice. Perde-se a sua maior arma e ainda compromete o jogador, pela falta de cacoete defensivo. Foi a melhor atuação brasileira na Copa. Jogando de forma segura e compacta, a seleção hoje fez jus ao status de favorita.
Já os chilenos, sentiram o peso de jogar com a zaga reserva, num jogo decisivo. Sem Gary Medel e Waldo Ponce, Bielsa lançou Pablo Contreras e Gonzalo Jara na equipe chilena. E, se a defesa já não erboa, ficou pior. Lenta e exposta, dava muito espaço para a seleção, apesar da insistência em se jogar pelo meio. Sem Matias Fernandez, e com Valdívia no banco, os chilenos ainda tiveram a volta de Humberto Suazo ao ataque. O carequinha é raçudo, mas esteve muito isolado, com Beausejour voltando para buscar jogo e Mark Gonzalez mais uma vez nulo em campo. Ao optar pelo esquema com dois volantes(Vidal e Carmona) e três atacantes, Bielsa sobrecarregou o bom Alexis Sanchez como responsável pela criação. E o mesmo, bem marcado, não produziu. Os chilenos, que na primeira fase mostraram muita ofensividade(mesmo que com poucos gols), contra o Brasil pouco chutaram depois do primeiro gol brasileiro. A volta de Suazo deveria resolver o problema de falta de gols. Não aconteceu. Paciência. A geração chilena é jovem. Pode e deve chegar na próxima Copa do Mundo mais forte e experiente. Terão 4 anos para tentar resolver seus problemas defensivos para enfim se tornarem uma equipe que pode almejar mais do que uma classificação a segunda fase.
O caminho chileno mais uma vez cruzou o brasileiro. Assim como na derrota da equipe de Salas e Zamorano em 1998, hoje também o problema chileno foi a defesa. Como o Brasil, historicamente, sempre teve também. Nesta Copa, a seleção corresponde defensivamente, apesar dos gols bobos. O grande teste vem agora, contra os eficientes holandeses. Confronto com história. Holandeses com Robben voltando a brilhar aos poucos. Assim como Kaká. E, nesta partida contra holandeses, o vencedor será aquele que fizer suas estrelas brilharem mais.
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