sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Duelo Insosso dos Campeões

Por Rodrigo Pereira

Apesar dos holofotes voltados para a festa de estréia dos Bafanas, o jogo que parecia que seria o mais interessante da rodada era o duelo dos campeões, entre Uruguai e França. A França, atual vice-campeã mundial contra a Celeste Olímpica, em busca de uma nova era de glória. Pois então...parecia que seria a partida mais interessante. Parecia. Mas não foi.

O que se viu em campo hoje, foram duas seleções burocráticas. Com futebol previsível e de pouca inspiração, franceses e uruguaios fizeram uma partida que mais parecia duelo entre Grécia e Eslovênia. Chamou atenção a quantidade de passos errados das equipes. Nenhuma das duas equipes conseguia trocar passes por mais de dois minutos. Pra ser sincero, só lembro de um lance de perigo em toda a partida, numa boa cobrança de falta de Gourcuff, que Muslera defendeu de forma espetacular. E só.

Além disso, a velha catimba uruguaia estará bem representada nesta Copa pelo nosso velho conhecido, Lugano. Como um bom xerife, apareceu em uma falha no começo do jogo e ao tirar satisfação em uma falta de Toulalan em Maxi Pereira. Mas ele ainda não foi o destaque negativo. O grande destaque negativo uruguaio sem dúvida foi a aparição relâmpago do bom Nicolás Lodeiro, que joga no Ajax, e ficou apenas 16 minutos em campo, até dar um pontapé desnecessário em Sagna, no meio de campo e ser expulso. O único ponto a se destacar neste time uruguaio é a onipresença de Diego Forlan, sem dúvida indispensável nesta equipe. Ele finalizou( apesar de perder uma chance no segundo tempo, num chute de bate-pronto, que não costuma perder no Atletico de Madrid), buscou, lançou(muitas vezes errado), tocou(também muitas vezes errado) e mostrou que as esperanças uruguaias na Copa passam pelos seus pés. Esperava mais desta seleção uruguaia na partida. O time foi consistente defensivamente, tem um atacante que pode ser decisivo, Forlan, mas mostrou um meio-campo burocrático e que não foi, nem de longe, capaz de construir jogadas de ataque e com um combate no meio um tanto quanto permissivo, marcando de longe e dando espaço ao time francês.

Já sobre a França, os campeões mundiais chegaram a mostrar que possuem alguns bons jogadores, mas ninguem pareceu ter a vontade de decidir. O grande destaque francês, para mim, foi o lateral Evra. Com bastante fôlego, buscou, marcou e apoiou com um fôlego invejável e bem tecnicamente. Mas os franceses ainda parecem orfãos de Zidane. Gourcuff é um bom jogador, mas não parece estar pronto para assumir uma função de maestro de uma equipe. A formação tática da França até que é interessante. Toulalan e Diaby jogam na contenção, dando liberdade para a criação de Gourcuff, com Ribery caindo pela ponta direita e Govou pela esquerda, com Anelka centralizado. Entretanto, dos quatro citados, vimos que Gourcuff não é maestro, Ribery estava sumido e bem marcado e Anelka acabou isolado e não conseguindo sequer fazer uma função de pivô para os meias. O único que correspondeu as expectativas foi Sidney Govou, que se movimentou bastante e foi boa opção de ataque. Mas a França foi uma seleção engessada.

Com a burocracia uruguaia e o gesso francês, não tinha como esse jogo sair do zero. É o primeiro jogo. Não dá pra tirar conclusões definitivas. Mas o torneio é tiro curto também. Se demorar a acordar, volta pra casa. E, com o futebol jogado hoje, nem uruguaios nem franceses ficaram tempo suficiente na África do Sul para terem tempo de sentir saudade de casa....

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