quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Filme irá se repetir?

Por Rodrigo Pereira,

E no fechamento da insossa primeira rodada do Copa do Mundo,tivemos o confronto entre uma das favoritas para título e a mediana seleção Suiça. Campeã européia e com classificação fácil para esta Copa, era esperada uma vitória espanhola, com o mais empolgados apostando na segunda goleada desta Copa, para elevar o saldo de gols baixo desta Copa. Mas o que se viu foi um filme repetido nos últimos 20 anos de Copa do Mundo: A Espanha chega badalada, forte, com a sua "melhor geração", mas tropeça em si mesmo. Basta saber se o final deste filme será o conhecido por todos. E que, para os nativos da Terra das Touradas, é um filme de terror.

Na partida de hoje, vimos um exemplo da forma espanhola de jogar. Controle de bola, alta rotatividade em seu meio-campo e toques de efeito. União da disciplina tática com a classe. Eles priorizam a posse de bola sempre. Mas faltou algo a mais. Faltou ser mais incisiva. Com apenas um atacante de ofício, faltou talvez poder de finalização aos espanhóis. Mesmo com maior volume de jogo no primeiro tempo, chegando a ter 83% de posse de bola, os espanhóis não conseguiram furar o forte bloqueio suiço. Nas poucas chances claras, os jogadores pecavam pelo preciosismo. David Villa arrancou pela esquerda, deixando o zagueiro Von Bergen(que entrou no lugar de Senderos, machucado inusitadamente ao se chocar com seu próprio companheiro de equipe para trás. Na hora de finalizar, tentou encobrir o goleiro suiço. Faltava objetividade aos espanhóis.

No segundo tempo, veio o castigo. Em cochilada dos zagueiros e choque entre Piqué e Casillas, a bola sobrou livre para Gelson Fernandes fazer aquele que seria o gol da Espanha. A partir daí, a Espanha passou para o tudo ou nada. Fernando Torres entrou em campo com a missão de acabar com o problema de gols dos espanhóis na partida. Mas o que se viu foi um jogo de abafa, pressão, com praticamente todos os jogadores, do meio pra frente tentando atacar. Xabi Alonso chegou a explodir o travessão. Mas esta acabou por ser a única chance realmente clara de gol dos espanhóis. Que, acabaram inclusive permitindo aos suiços oportunidades de contra-ataque, inclusive devolvendo a bola na trave, em lance do bom atacante Derdiyok, no contrapé de Casillas. E foi só.

Não houveram grandes destaques, positivos e negativos, da Espanha na partida. Simplesmente o esquema de jogo da Espanha não encaixou. Faltou poder de decisão. Talvez, com Fernando Torres em forma para ajudar David Villa, o filme poderia ter sido diferente. A derrota pode ser um trailer de um filme conhecido em Copas do Mundo. Ou um aprendizado para estes jogadores provarem que, por mais abençoada que possa ser uma geração, o título só virá com comprometimento, seriedade e, principalmente, poder de decisão. Que hoje não apareceu. Quanto a Suiça, a seleção mostra mais uma vez que possui um dos melhores setores defensivos do mundo. Contra seleções mais abertas como Chile e Espanha, pode ser que os suiços consigam passar de fase. Mas não acredito em vida longa suiça nesta Copa. Faltou a eles ofensividade. Afinal, eles sabem muito bem, pela Copa de 2006, que não basta um sistema defensivo forte para ganhar uma Copa. Fica faltando um detalhe, como diz Parreira. Fica faltando o gol. O gol que hoje apareceu, em cochilada espanhola. Mas que não poderão contar para todas as partidas da Copa. Fica a lição, não só para a Espanha, como para todas as seleções. Ganhará esta Copa que aparentemente será bastante equilibrada, a seleção que for mais homogênea. Não vai ser a melhor defesa, nem o melhor ataque, se a contrapartida não for forte. Para ganhar uma Copa do Mundo, mais do que nunca, será preciso saber decidir.

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