
Por João Oliveira,
As quartas-de-final da Copa do Mundo reuniram, surpreendentemente, quatro seleções sul-americanas, três européias e uma africana. Para muitos, uma nova divisão geofutebolística nesse esporte em que cada vez mais cresce o fenômeno da globalização à européia. Explica-se. Falam tanto de intercâmbio, de jogadores de todas as partes disputando os principais torneios. Quando na verdade esses principais torneios são disputados no Velho Continente, com mão-de-obra especializada vinda de outros cantos do mundo.
O sonho e torcida por uma semifinal típica de Copa América, terminaram em sumárias derrotas de Brasil e Argentina. E uma suada derrota paraguaia. Todas para adversários europeus. Só o Uruguai escapou, após uma vitória em outra batalha continental, dessa vez contra um africano, Gana.
As eliminações das três seleções repercutiram de maneiras diferentes em cada um dos lados da Tríplice Fronteira. No gigantesco país do futebol, tivemos xingamentos, portas dos fundos e saídas à francesa, embora o vexame verde-e-amarelo tenha sido muito menor do que o azul.
Também pudera, para o futebol pentacampeão do mundo é um fiasco ficar entre os oito melhores de um Mundial. Do alto de seu salto, a seleção da CBF não admite ser superada e todo e qualquer revés brasileira no futebol é vista como um fracasso e apenas sob a ótica da derrota. Como se não houvesse um adversário do outro lado.
Dos poucos torcedores que foram para apoiar, levaram bolo dos jogadores que fugiram por rotas alternativas. Dos muitos que foram para vaiar, exageraram na dose ao hostilizar em demasia o vilão da vez, Felipe Mello.
Os guaranis fizeram festa. Milhares de paraguaios receberam seus heróis peitos abertos, no melhor estilo Larissa Riquelme. Até o presidente Fernando Lugo, o pai da nação paraguaia, fez questão não só de recepcionar, como de condecorar os jogadores do selecionado alvirrubro.
Deixando de lado o campo do uso político do esporte, é compreensível a euforia de um país que nunca havia chegado às quartas-de-final de uma Copa. O que não deu para entender foi a recepção dos argentinos ao seu time.
Tão gigante quanto o Brasil, embora sem que isso se traduza em títulos mundiais, é de espantar que a Argentina comemore um quinto lugar. Muitos podem dizer que é a melhor colocação portenha desde 1990. Outros que o quinto lugar é mais do que o sexto, posto ocupado pelo Brasil.
Os argentinos comemoraram a volta do futebol argentino. Depois de muito sufoco nas Eliminatórias, a Argentina renasceu no Mundial e jogou honrando seu estilo. Toque de bola, ofensividade e raça formam o tripé que trouxe de volta o orgulho de nossos hermanos.
Mesmo com a goleada em seu jogo de despedida e com uma visível dificuldade em encontrar um esquema tático, a Argentina conseguiu reencontrando seu estilo de jogo. Por isso toda a festa na porta do aeroporto. Os argentinos não comemoraram a derrota. Comemoraram o resgate do verdadeiro futebol portenho.
Que chegue o dia em que possamos vencer como Brasil. Comemorando como os argentinos e se orgulhando como os paraguaios.
Livro? Não achei nada parecido para os paraguaios, então vai esse: Argentinos- Mitos, Manias e Milongas.
A realidade, acho eu, é que o patriotismo no Brasil e na Argentina é diferente. Acho que até pelas quebras ecônomicas, a guerra das Malvinas, dentre outras, incutiram nos argentinos um amor à nação que não existe nos brasileiros, infelizmente. Por isso, seus ídolos se tornam mártires e os esforços são mais reconhecidos. Os brasileiros se acostumaram a ganhar. Os argentinos sabem perder.
ResponderExcluirJá o Paraguai, a Copa do Mundo deles foi ganha chegando nas quartas e lutando contra a forte Espanha. Logo, tudo é motivo de orgulho