domingo, 8 de maio de 2011

Tapetão lá e aqui


Por João Oliveira

Quem conviveu com o futebol brasileiro das décadas passadas deve lembrar-se de uma figura importante, presente em boa parte os campeonatos. O famoso tapetão. Para os desavisados, não se trata de tapete vermelho, nem de Oscar do esporte bretão. Mas sim de um jeitinho bem tupiniquim de desobedecer regras e rasgar regulamentos.

Dirigentes como Eurico Miranda, Eduardo Vianna, popular Caixa D’água, muitas vezes freqüentavam espaço de maior destaque na imprensa do que os jogadores. Quem não se lembra dos cartolas tricolores estourando champanhe para comemorar a virada de mesa que livrou o Fluminense do seu primeiro rebaixamento. As invasões de campo de Eurico, homem forte da política vascaína durante anos a fio. Sem contar com campeonatos cercados por liminares, W.O´s, e etc.

O tempo passou, o futebol brasileiro se modernizou e casos como esses diminuíram por aqui. Mas não é só no Brasil que o resultado de dentro do campo corre risco de ser mudado nos tribunais por conta de confusões geradas pelos cartolas.

Ontem, o Queens Park Rangers se sagrou campeão da segunda divisão inglesa após vencer o Leeds United por 2x1. O sábado foi de vitória dupla para o time londrino. Além de garantir o acesso à Premier League no campo, os torcedores do QPR ficaram aliviados após a Federação Inglesa (FA) anunciar que o clube não perderia pontos por irregularidades na contratação do meia argentino Alejandro Faurlin.

O time, que voltará a disputar a elite do futebol inglês depois de 15 anos, estava sendo acusado de infringir sete regras do regulamento da FA. Entre outras acusações, os dirigentes eram suspeitos de terem usado intermediários na contratação de Faurlin, além de ter apresentado documentação falsa no ato da inscrição do jogador junto á federação.

Uma das punições previstas era a perda de pontos no campeonato, o que implicaria na perda da primeira colocação e, por conseqüência, do título. Apesar da ameaça, a FA preferiu impor uma punição financeira, e não esportiva. O QPR foi condenado a pagar um milhão de euros de multa pelas irregularidades.

Na mesma semana do imbróglio britânico, escapamos de passar mais uma vez por mudança extra-campo de um campeonato. O Duque de Caxias, que já havia sido absolvido duas vezes no ano passado, voltou aos tribunais, acusado de escalação irregular do meio-campo Leandro Chaves, pela Série B do Brasileirão 2010.

Caso fosse condenado, o clube da Baixada Fluminense perderia seis pontos na tabela e conseqüentemente seria rebaixado para a Série C, dando lugar ao Brasiliense, 16° colocado no campeonato. No julgamento do Pleno do STJD, última instância da esfera esportiva, o Duque foi novamente considerado inocente. E o futebol foi poupado de voltar a ser desmoralizado pelos cartolas. O torcedor espera que os resultados de dentro dos campos continuem a ser respeitados E que o tapetão só apareça em vermelho, à beira do gramado para os verdadeiros artistas do espetáculo: os jogadores.

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