quinta-feira, 13 de maio de 2010

História das Copas (2)

1934- Itália
A Copa do Mundo de 1934 foi marcada pelas manifestações fascistas do primeiro-ministro italiano Benito Mussolini. Ao contrário do Uruguai, a Itália ofereceu uma estrutura mais completa, com oito estádios utilizados para a disputa. O fato de ser o primeiro Mundial da Europa fez com que a adesão dos países europeus aumentasse. Nada mais do que 12 seleções do Velho Continente participaram do torneio, que reuniu 16 nações no total. Outra novidade foi o uso de eliminatórias pré-Copa para definir os países classificados. A competição foi disputada em sistema de mata-mata desde o início. Dessa forma, metade das seleções disputaram apenas uma partida cada.


O Brasil:
Nas eliminatórias sul-americanas o Brasil deveria enfrentar o Peru, que desistiu do confronto e deu de bandeja a vaga na Copa para a seleção brasileira. Assim como a Argentina, que contou com a desistência dos chilenos. Ainda em clima de revanche entre federações amadoras e profissionais, a seleção deixou em casa jogadores como Domingos da Guia e, monstro sagrado de nosso futebol. A base da seleção brasileira foi formada por Botafogo e São Paulo da Floresta. O Brasil foi eliminado pela Espanha, perdendo seu único jogo por 3x1. Leônidas da Silva fez o único gol da seleção na Copa.

Convocados:
Goleiros: Germano (Flamengo) e Pedrosa (Botafogo);
Defensores: Luiz Luz (Grêmio), Octacílio (Botafogo) e Sílvio (São Paulo da Floresta);
Meio-campistas: Ariel (Botafogo), Canalli (Botafogo), Martim Silveira (Botafogo), Tinoco (Vasco) e Waldir (Botafogo);
Atacantes: Armandinho (São Paulo da Floresta), Átila (Botafogo), Carvalho Leite (Botafogo), Leônidas da Silva (Vasco), Luizinho (São Paulo da Floresta), Patesko (Botafogo) e Waldemar de Brito (São Paulo da Floresta);
Técnico: Luiz Vinhaes.

Curiosidades:
-Já naquela época jogadores sul-americanos faziam sucesso na Europa. A campeão Itália contava com o brasileiro Filó, que jogou na Portuguesa e no Corinthians. Lá, ele, que jogou na Lazio, era conhecido pelo sobrenome italiano Guarisi. O argentino Guaita foi outro latino no elenco campeão da Azurra.
-O ditador Mussolini era mais aplaudido do que os jogadores. Com saudações fascistas, o primeiro-ministro foi figura marcante na maioria dos jogos da Copa e influenciou até na montagem do time italiano.
- Na lista oficial da CBD, Patesko era jogador do Botafogo. Porém, na época que foi convocado, o atacante jogava pelo Nacional-URU, junto com Domingos da Guia. Como a FIFA só aceitava jogadores inscritos na CBD, Patesko acabou vinculado ao Botafogo, onde estreou apenas após a Copa.
-Assim como o Brasil a Argentina também teve problema entre profissionais e amadores. Jogadores de Boca Juniors, River Plate e San Lorenzo, não puderam ir à Cpa pois jogavam em equipes profissionais. Com isso, nenhum integrante do time vice-campeão da Copa anterior esteve na Itália.
-O país-sede, Itália, teve que jogar as eliminatórias, mas contou com uma forcinha da Turquia, que desistiu do confronto, e da Grécia, que preferiu não jogar a partida de volta após sofrer goleada de 1x0 em Milão.
-Campeão da primeira Copa do Mundo, o Uruguai boicotou o Mundial posterior em resposta á recusa da Itália de ter viajado para Montevidéu quatro anos antes. Foi a única seleção campeã do mundo fora da Copa seguinte.
-Logo na primeira partida da Copa, o italiano Schiavio fez o centésimo gol da história dos Mundiais. A Itália goleou os EUA por 7x1, com três gols de Schiavio.
-Os óculos do suíço Leopold Kielholz ajudou o atacante a enxergar os caminhos do gol no jogo contra a Holanda. O jogador, que atuou de óculos, fez dois gols na vitória de 3x2 da Suíça contra os holandeses.
-Itália e Espanha precisaram de 210 minutos para decidirem quem passaria para as semifinais. Após empate no tempo normal e na prorrogação, as duas equipes tiveram que disputar um jogo-extra para desempate. Vinte e quatro horas depois do empate em 1x1, os donos da casa conseguiram vencer os espanhóis por 1x0, e passaram de fase.
-Giuseppe Meazza foi considerado o craque da Copa de 1934. Suas atuações no Mundial contribuíram para que o atacante da Inter de Milão emprestasse seu nome para o estádio da cidade.

Artilheiros:
Conen (ALE) 4 gols
Nejedly (TCH) 4 gols
Schiavio (ITA) 4 gols

A Final:
Itália e Tchecoslováquia fizeram a final no dia 10 de junho de 1934, no estádio Nazionale PNF, em Roma. Pressionados por Mussolini, os italianos superaram o adversário em mais um jogo duro, que precisou de prorrogação para decretar o campeão do mundo. Depois de 1x1 no tempo regulamentar, Schiavio, que havia marcado três vezes na estreia, voltou a mostrar seu faro de gol fez o tento do título na prorrogação.

Ficha do Jogo:
Itália:
 Combi; Monzeglio e Allemandi; Ferraris, Monti e Bertolini; Guaita, Meazza, Schiavio, Ferrari e Orsi.
Técnico: Vittorio Pozzo

Tchecoslováquia
Planicka; Zenisek e Ctyroky; Kostalek, Cambal e Krcil; Junek, Svoboda, Sobotka, Nejedly e Puc.
Técnico: Karel Petru

Gols: Puc (TCH), aos 31min, e Orsi (ITA), aos 36min do segundo tempo; Schiavo (ITA), aos 5min do primeiro tempo da prorrogação

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